quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Meu caminho

Na volta do trabalho para casa uso sempre o mesmo caminho. Desço na parada de ônibus em frente ao supermercado cruzo a avenida de quatro faixas e entro na vizinhança por uma rua asfaltada com belas casas.
Pouco antes de alcançar a entrada do meu condomínio, para encurtar o caminho, cruzo em diagonal um terreno baldio por uma trilha entre o mato e os detritos. Desta trilha já conhecia tudo. Seu ponto correto de entrada não era o óbvio, tem que se fazer um leve desvio na calçada. Conhecia todos os seus obstáculos. As espécies de mato que ali proliferavam sem se intrometer na minha trilha. Havia flores belíssimas, mesmo sendo de mato. Eu era conhecido de todos os vira-latas, eu não os importunava e nem eles a mim. Era amigo do jumentinho que se alimentava sempre amarrado, e me livrava facilmente de suas minas terrestres deixadas no caminho. Esse não respeitava minha trilha. Sabia das pedras e dos galhos. Dos montes de areia e de barro. Da metralha e do lixo deixado no canto do muro.
Mas as chuvas começaram e voltei a usar meu carro diariamente. Além disso, me ausentei por um tempo dos meus caminhos diários.
Hoje não há mais minha trilha. Ervas daninhas, matos feios e espinhentos, tomaram conta do meu caminho diário e servem hoje, provavelmente, de abrigo a animais peçonhentos. A lama tomou o lugar do chão pisado e resistente. O jumento sumiu e os cães parecem um tanto estressados. O lixo se espalhou por todo canto e há muito mosquito.
Quase não chego em casa esse dia.
Mudei meu caminho.

Um comentário:

Thiago de Góes disse...

Fala, Renato! Tudo beleza? É isso aí. Nuns dias, alguns caminhos somem. Mas depois, surgem outros. Falows.