terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Um quarto

Uma boneca azul de pano no chão, de bruços, em frente a um somzinho cinza desligado, desses chineses que vendem nos camelôs por ai. Era esse o único vestígio de bagunça naquele quarto impecável.

Na escrivaninha, que também suportava o som em seu compartimento inferior, estavam empilhadas dezenas de discos juvenis, lápis, canetas, diversos livros didáticos, bastante riscados e enfeitados é verdade, mas cuidados até com um pouco de zelo. Fotos e mais fotos, de diversas turmas, apinhavam a parede onde o móvel recostava-se. Os mais diversos trecos de utilidade duvidosa faziam um volume imenso na pequena mesa, tomando-a praticamente por completo.

Em outra parede, o guarda-roupa branco, de muitas portas, jazia totalmente fechado e intacto. Pelo cartesianismo encontrado no quarto era provável, ao abrir as portas desse guarda-roupa, encontrá-lo totalmente compartimentado e organizado, com roupas limpas, bem dobradas e perfumadas, prontas para o uso e para o convívio social.

Nas paredes expostas, metros e metros de prateleiras laqueadas armazenavam uma infinidade de bichos de pelúcia: ursos, cachorros, palhaços, tartarugas e outras formas esquisitas. Bonecas de plástico, em carrinhos ou de frente a penteadeiras também ocupavam as prateleiras de madeira. Tudo limpo e organizado, e em muita quantidade.

Na cama, a colcha cobria a roupa de cama, era azul e acolchoada. O travesseiro era mantido por cima dela, à espera do repouso tranqüilo de uma cabeça cheia de idéias e suposições. Em baixo do travesseiro percebia-se um pijama, provavelmente, róseo e de tecido delicado.

Era sem dúvida um quarto de uma menina, de uma adolescente talvez.

E no gaveteiro de plástico, fazendo vezes de um criado mudo, restava um pequeno papel retangular, já um pouco amarelado e envergado pela incidência solar, escrito com letras hesitantes: Adeus.

domingo, 25 de novembro de 2007

O gole

Havia pego a tulipa de chope apenas para ganhar um tempo antes da obrigação de resposta gerada por aquele comentário.

Através do líquido dourado conseguia ver um mundo diferente. A brincadeira dos feixes de luz dourados através do líquido, o fizeram transcender tempo e local, fizeram-no rever o passado em instantes e o futuro também.

Os rostos de infância, a liberdade de calçadas, muros e terrenos baldios, nada parecia com sua realidade. Mas o mundo dourado em que estava agora, mostrava-lhe um caminho.

As irresponsabilidades de rapazote e os amores rápidos, superficiais e físicos deixaram lembranças divertidas que aquela luz douradas insistia em trazer à tona. Quanta coisa. As irresponsabilidades atuais são tão diferentes, traiçoeiras.

As faces dos presentes à mesa, fixando o olhar, no aguardo de alguma palavra, transfiguravam-se através daquele eldorado líquido e de temperatura tão amena. Pareciam faces estranhas, narigudas e orelhudas, pareciam duendes de pele dourada. E aquilo o pressionava e assustava.

A possibilidade de um futuro sombrio, mostrado através do fundo espesso daquela tulipa, o fez esbugalhar os olhos, mas o caminho já traçado até agora podia não ter volta. Tudo lhe fazia muros de caminhos estreitos e abissais, como as ruelas antigas de São Luís.
O gole lhe desceu rápido e saboroso levando-lhe o último tanto de fantasia.

Bateu o copo na mesa:

- Fodam-se!

Alto e claro. E levantou-se quase tombando a mesa.

Quarto Escuro

Estava num quarto escuro, não sabia ao certo como teria parado ali. Não sabia nem mesmo se aquilo era um quarto. Estava num compartimento fechado e escuro, sem aberturas.

Recostava-se em um dos cantos, encolhido abraçando os próprios joelhos. Chorava copiosamente e a causa desse choro lavado era indefinida, no mínimo era uma lembrança turva e sem nexo de tristezas talvez passadas, talvez não. Chorava e abraçava-se nos joelhos.

Esboçou algum esforço para rastejar. Mesmo esse esforço parecendo-lhe descomunal, maior muito que suas possibilidades físicas, abriu bem os olhos, tentando perceber ao menos vultos, soltou os joelhos, que rangeram como dobradiças de ferro ao se moverem, mesmo que lentamente, e visualizou seu objetivo no breu absoluto: apenas mover-se.

Pelo canto arrastou-se, molhando a parede com sua vertente de lágrimas encostada a ela. Era seu rastro. Um longo período e uma pouca distância se passaram até que ele encontrou um obstáculo. Parecia de madeira, e de lei, espessa e bem polida. Em certos pontos, os prováveis adereços de uma cômoda, torciam-se formando fusos infinitos. Decidiu-se que naquela altura atravessaria o amplo espaço negro à sua direita, deixando a segurança da parede, mas transpondo a dificuldade do móvel. Lançou-se ao amplo negro, sem amarras e pronto para conquista.

Virou então em ângulo reto à direita. Parecia mais animado, ao menos parecia ter a coragem necessária para ir além. Ainda arrastando-se, agora sem choro, tocava, pouco tempo depois, os fios de uma espécie de tapete, tentava imaginar quais formas o tal tapete descreveria. Fixou em sua retina uma espécie de espiral. Algo sem fim nem começo, mas que, em sua retina, tinha uma profundidade infinda e o que entrasse na espiral rolaria até o fim dos tempos.

A poeira acumulada no tapete espiral incomodava-lhe, e muito, o nariz. Espirros o fizeram apertar o passo para se afastar daquele incômodo. Nessa fuga esbarrou numa espécie de banco, um tamborete, de madeira. Encarou aquilo como um degrau novo a superar. Ergueu-se e num movimento rápido, tão rápido quanto suas juntas entrevadas podiam deixar, quase num pulo, postava-se em pé no tamborete, que se mantinha rígido e impassível.

Neste momento algo pêndulo encostou-lhe à testa. Um fio de aço, que não era frio pois estava coberto com uma camada plástica, testou a fixação do fio, envolve-lhe ao pescoço e derrubou o tamborete.

Sentiu ainda por milésimos de milésimos de segundos algo quente escorrendo-lhe a pele.

A espiral encharcou-se.

domingo, 28 de outubro de 2007

Qual foi mesmo o filme que ele fez?

- Qual foi mesmo o filme que ele fez?
Veio ao meus ouvidos esse pergunta proferida por uma senhora que aplaudia com força e veemência o velhinho que passava, amparado por alguns seguranças devido ao forte assédio do público, para proferir uma palestra.
- Foi o Auto da Compadecida e a Pedra do Reino, que passou na Globo.
- Ah....
Esse rápido diálogo demonstra mais ou menos o clima que pairou na palestra do mais novo ludovicence velho, Ariano Suassuna, e como ele está velho, hein? Havia muita gente, muita mesmo, mas havia uma certa interrogação no ar, muita gente estava ali realmente devido à Globo. Que bom que muita gente estava ali, e inclusive melhor ainda, que bom que havia muita gente em todos os dias da I Feira do Livro de São Luís, mas voltando, que bom que muita gente estava ali para ver o velho que fez o "filme" para a Globo.
Depois de alguns dizeres sobre religião, coisa que eu pulo, o velhinho deu um show sobre cultura brasileira, especialmente sobre a negra. Sempre com aquele seu bom humor característico e sua perspicácia danada, o velhinho ainda segura forte a bandeira do nosso nordeste e que continue assim por muitos anos ainda, não podemos ficar órfãos.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Algumas coisas

Meu Cachorro é brasileiro legítimo

Sempre disposto a agradar e a agradecer. Sempre feliz e disposto, animado com brincadeiras sem graça e repetidas. Uma pessoa totalmente satisfeita com suas possibilidades, companheiro ao extremo. Nunca desiste de convidar-nos para uma corrida.
Mas não é por nada disso que o considero um brasileiro legítimo. Chego a essa conclusão pois, apesar de toda liberdade que tem de andar solto na rua, ele só se sente feliz mesmo quando sai preso à coleira.

Nós merecemos

Na rodoviária da empresa:
- E aí Branco, está gostando do novo trampo?
- Rapaz é bom de mais, estou como almoxarife.
- Massa! É moleza, né não?
- É! E ainda: tem muito sabonete e cadeado, muito que sobra, quer uns para você? Eu consigo facinho!
- Não, valeu.
- Besteira rapaz, eu arranjo....
- Quero não, preciso não.
- Besteira, sou eu que controlo, se não, estraga....
- Valeu, mas não, deixa pra depois....

Nação Zumbi no Ceprama

Na noite passada a Nação Zumbi, pela primeira vez na ilha, mostrou que continua em plena forma. O show foi no Ceprama, no bairro da Madre Deus, berço da cultura folclórica maranhense e a poucos metros do mangue. Não podia ser melhor.
Lúcio Maia continua foda na guitarra, pegada massa. E as novas músicas também têm mantido, realmente, o excelente nível que a Nação alcançou. Além de dar uma amenizada na saudade do Chico.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Raízes

As ligações entre os diversos estilos de música popular brasileira são previsíveis e na maioria das vezes conhecidas, atribuídas à formação étnica do povo brasileiro. Mas são sempre surpreendentes.

Quando cheguei pela primeira vez em São Luís do Maranhão, ignorante quanto à cultura local, fui desacreditado a um arraial, quando me deparei com a força do Bumba-boi de Matraca (ou de sotaque de matraca). Mais especificamente o Bumba-boi de São José de Ribamar. Sotaque esse totalmente ligado ao Maracatu de Baque Virado pernambucano. A batida forte e ritmada. A presença marcante dos instrumentos percursivos e originais. O maracá, o pandeirão, o tambor-onça e, milhares do instrumento que lhe dá nome, a matraca. Dois pedaços de pau. Os adereços dos brincantes reforçam ainda mais o parentesco próximo dos dois estilos, especialmente os do caboclo de pena. Isso me marcou.

Outra vez, numa ilha do atlântico isolada do interior paraense chamada Ilha do Algodoal, sentado numa barraquinha à beira-mar comendo sarnambi e tomando aquela gelada, me vem aos ouvidos um som que me lembrou imediatamente o Maracatu, agora, o de Baque Solto. A semelhança com o trabalho do Siba, Barrachinha e Fuloresta do Samba foi surpreendente. Perguntei a algum morador, talvez fosse o garçom que nos atendia, o que era aquilo: era um grupinho de carimbó de nativos da ilha, que viviam no outro extremo. Chapei. No mesmo dia à noite, na mesma barraca, sob uma lua fora do normal e estrela a dar com um pau, houve uma apresentação de carimbó. Massa.

Enfim, e por fim, baixei esses dias um disco de Noel Rosa. Que susto: era Bumba-boi de Sotaque de Orquestra soprando nos meus ouvidos. Não era samba, não. De jeito nenhum. E Noel canta boi ou samba? Cada vez vejo que as raízes do samba são as mesmas do boi que são as mesmas do maracatu que são as mesmas do forró. O que as diferenciou ao longo do tempo foi os gênios dos seus mestres e o isolamento ou não da região de seus mestres.

Grandes mestres.

domingo, 23 de setembro de 2007

Crônica

.....ainda do exílio

Interessante a necrofilia a que o brasileiro se apega tanto. Normalmente nos apaixonamos pelos mortos.

Enxergamo-na como uma vitória, uma consagração. Nenhum vivo é tão bom quanto qualquer morto. Brasileiro, me incluo nisso como ninguém. Definitivamente. Para mim: os bons estão mortos! Não há discussão sobre isso. Nem tem como haver.

Não há mais poeta como Vinicius. Não há mais músico como Jobim. Não há mais letrista como Chico Buarque – tudo bem, é uma exceção, mas ele vai ser melhor quando morrer! – nem instrumentista como Pixinguinha, nem roqueiro como Jim Morrinson. Nenhum realista como Nelson Rodrigues. Esse é um resumo da minha pequena mente saudosa. Passada.

O que vemos hoje são coisas que antes de ser, se tornam históricas, imortais. Incríveis. Toda semana tem um jogo histórico de futebol que na próxima semana será prontamente esquecido. Músicas inesquecíveis, que ninguém mais se lembra. Todos nós hoje fazemos uma força incrível para imortalizar tudo, sendo que o atemporal o será sem grandes esforços.

Talvez isso que nos encanta nos mortos, a atemporalidade naturalmente adquirida. Bem, voltando ao assunto então, por isso os defuntos são tão adorados, na minha insignificante opinião, claro. Eles são eternos.

Por outro lado, o que está morto não requer mais cuidado, não requer mais esforço para manter, não incomoda nem se modifica. O que está morto está lá no altar santificado. Esterilizado. A imagem que nos resta é normalmente agradável, afável.

É isso talvez me encante em Natal. Ela está morta. E, como disse, só tenho lembranças boas. Está morta e enterrada. E os tapurus começaram, obviamente, a devorar-lhe pelo cérebro.

É uma cidade entregue aos mandos e desmandos gringos. Sem vontade própria. Sem música própria. Sem cultura própria. Sem nada próprio. Sem gosto. Morta. Linda, como qualquer morta.

sábado, 22 de setembro de 2007

Lama no Rio

Há algum tempo, no exílio.....

Foi tanta lama que ainda precisei tomar mais umas cervejas para absorver a situação. Meus pés pesavam, aquela lama estuária. Já havia tempo que não escutava dessa forma aquele grito nordestino.

Eu queria caranguejo, carne de sol. Queria manteiga da terra e cerveja gelada. Queria feijão-verde. Ah, feijão verde, que saudade.

O primeiro prato foi Eddie. Antes, teve uma entradazinha em forma de uma bandinha intragável de maracatu. Sei lá o que era aquilo. Chamava-se Pixainho. A demora atiçou-me a fome - o sabor que lembrava do Eddie era do seu início, num bar lá na Doutor Barata, na Ribeira. Mas Metropolitano trouxe novos sabores, sabores ainda não degustados por mim naquela banda. Virgens. Não surpreendentes. Aprazíveis. Nada como um sambinha, junto com um rockzinho, com alusões a certos frevinhos, um pouco de eletrônico. Criativo. Instiga pensamentos. Escutei atentamente.

A próxima rodada foi de Mundo Livre S/A. Servido à vontade. Jogado na cara. A cariocada deliciou-se, esbanjou-se, nadaram a braço no som nordestino. Mas tive a impressão que o Mundo Livre está um tanto quanto paulista demais. Um certo quê excessivo de profissionalismo. Apesar disso, a banda mostrou nas suas músicas novas do BêbadoGroove Garagesambatransmachine, bastante apoiadas em SambaEsquemaNoise, Guentando a Oia e Carnaval na Obra, ainda uma boa dose de criatividade e sarcasmo, que lhes são característicos. Ritmo contagiante, cavaquinho marcante. A banda está com mais maquiagem e figurino, mas ainda soa bem. Instiga nostalgia. Escutei atentamente.

Elas trouxeram um pouco de Nordeste aqui para o Rio. Uma boa brisa na cidade maravilhosa que tanto faz falta, aqui no asfalto. Trouxeram um certo cheiro de tapioca.

Ê feijão verde.
Ê General.
Ê Brigitte.

Que essa brisa inspire nossos chefs e que eles tirem dos seus fornos-estúdios delícias nossas. Novas.

Ê feijão verde.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Ariano e Calypso

Certa vez li um post num blog de Marlus Apys (www.apyus.com), blog muito bom inclusive, que me inquietou (ponto pro blogueiro). Pôs-me uma pulga atrás da orelha, para não dizer uma preocupação na cabeça. O título do post é “Quem é imbecil?” e foi publicado originalmente no JH Primeira Edição de 31/07/2007. Sugiro a leitura.

O post fala de um vídeo disponível no site Youtube em que Ariano Suassuna detona a banda Calypso. E o post detona Ariano Suassuna. E achei, por menos relevante que fosse, achei importante emitir opinião.

Pois bem, verifiquemos as partes: não sei quantos anos o velhinho tem, mas são muitos, muitos mesmos. É comum em todo ser humano resistência às mudanças, ainda mais no pessoal de certa idade. Isso se vê até em expressões como: isso não é Rooooock de verdade. O velhinho tem um obra literária e teatral ímpar. E quase a totalidade falando com franqueza de uma certa faceta do nordestino.

Já pela outra parte: quem teve a oportunidade de conhecer o carimbó que ainda é feito no interior do Pará, quem conhece um pouco da cultura verdadeiramente do norte, sabe da real distância disso para o que o Calypso faz. Isso eu, ainda que pouco, conheci e sei. O que dizer sobre os forrós atuais com os forrós pé-de-serra? O que se dizer do É o Tchan?

Apyus no decorrer do texto cita alguns versos da Bossa Nova em alusão aos versos criticados pelo escritor da banda paraense. É fato que os versos são pobres. Isoladamente. Vamos colocar os versos nas músicas e vamos colocar as músicas no contexto cultural da época. E agora? Chega de Saudade intitulou o primeiro disco da dita Bossa Nova, disco que causou um impacto tremendo nas bases culturais brasileiras na voz de João Gilberto.

É verdade, claro, que a banda Calypso tem seu mérito. Agora, esse mérito tem muito pouco do movimento punk, ao contrário do que é dito no blog. Foi uma banda, como tantas outras, fabricadas pela mídia, primeiramente a paraense e depois a nacional. Assim como Limão com Mel, Mastruz com Leite, É oTchan. A distorção que todas essas bandas geraram na sua cultura local é totalmente repugnante e dispensável.

Vi algumas palestras do escritor paraibano. Ele nunca se intitulou como popular, muito pelo contrário, disse claramente que não se considerava popular justamente pelo fato de que o seu público é justamente uma minoria e pela sua formação universitária. O assunto da sua obra é que é o popular.

Apyus pergunta no seu texto quantas crianças ainda dançavam ciranda. Em Natal eu não sei, cidade totalmente desenraizada. Mas dá um pulo aqui no Maranhão. Dá um pulo em Pernambuco. Vai lá no Rio de Janeiro. Dá para ter uma idéia que não são tão poucas assim. Nem todo lugar no Brasil tem vergonha de suas raízes como o natalense tem. E essa cultura riquíssima, que ainda vive em alguns pontos do Brasil, deve muito a algumas pessoas, uma delas é Ariano.

“Bactérias num meio, é cultura” disse certa vez um Arnaldo. Tentar criticar o que se escuta por aí é besteira. Valorizar, só porque é escutado, é uma besteira maior ainda. Deixem o velho pensar, pois ele pensa. Não se preocupem com isso. Deixem o Calypso tocar, que ele se acabará logo. Restando apenas uma gorda fortuna para os donos da banda, nada mais.